Joanete (Hálux Valgo) – O que é, causas, sintomas e como tratar?

Quais as causas?

Participam nas causas das deformidades fatores extrínsecos e intrínsecos. O fator etiológico extrínseco mais importante na gênese do hálux valgo é o uso de calçados inadequados, razão pela qual a deformidade aparece quase exclusivamente em sociedades que utilizam calçados.

Com relação aos fatores intrínsecos, a hereditariedade apresenta-se como principal fator, especialmente nas formas juvenis, em que o joanete se inicia na adolescência.

Outros fatores anatômicos também merecem destaque, como por exemplo o formato egípcio dos pés ( primeiro dedo ou “dedão” maior que os demais).

Quais calçados agravam o problema? Por quê?

O uso de sapatos de bico fino em formato de V favorece o desvio lateral do grande dedo, e o medial dos dedos menores. A utilização de saltos altos aumentam a compressão do antepé contra a ponta dos calçados, agravando a condição.

O Joanete dói?

Inicialmente, o joanete causa dor porque a região medial do pé sofre com a neoformação óssea, conhecida como exostose (abaulamento medial na cabeça do metatarso, não no dedo). Muitas vezes, esse abaulamento é acompanhado de bursite local, que provoca o aspecto avermelhado e sensível no local, especialmente devido ao atrito com calçados apertados. Além disso, um nervo sensitivo percorre a região, sendo responsável pelos sintomas dolorosos.

À medida que a deformidade evolui, o grande dedo se desvia lateralmente. Vale destacar que a bursite ou exostose não caracteriza um joanete de fato, embora muitos pacientes acreditem que sim.

Frequentemente, o desconforto também pode surgir devido a deformidades nos dedos menores, como calosidades na planta do pé ou na parte superior dos dedos, geradas pelas forças deformantes do joanete. Isso ocorre porque o dedo com joanete não consegue mais suportar o peso corporal que antes carregava, transferindo essa carga para os dedos vizinhos, que acabam sobrecarregados e doloridos.

Como corrigir o Joanete?

Não há outra forma de corrigir o joanete senão a cirurgia. Existem mais de 130 procedimentos descritos de cirurgias para o joanete. Algumas técnicas minimamente invasivas estão ganhando espaço. Estas utilizam de pequenas incisões na pele e instrumental cirurgico especial.

A cirurgia de joanete deve seguir os seguintes preceitos: corrigir as deformidades sem produzir incapacidade residual, restaurar o padrão normal de distribuição de cargas no antepé, manter a mobilidade articular sempre que possível, dispor de métodos de salvamento para o tratamento das eventuais complicações.

Devo fazer uma cirurgia de Joanete quando:

• O uso de calçados corriqueiros para o dia a dia se torna impossibilitado pelo desconforto;
• O uso de calçados confortáveis e largos já não proporcionam mais analgesia;
• Há perda da mobilidade do “dedão”;
• Há o encavalgamento dos dedos (cross-toe);
• A prática de atividades físicas é dificultada pela dor;
• Os dedos menores passam a ser um problema, em decorrência da deformidade no dedo maior (dedão);
• A deformidade se torna progressiva, independentemente das mudanças de hábitos.

Depois da cirurgia, o Joanete volta?

Essa crença antiga ainda persiste até hoje. No passado, as técnicas cirúrgicas e de fixação do osso eram diferentes, o que favorecia o retorno após a cirurgia de correção do joanete. No entanto, atualmente, contamos com novas técnicas e instrumentais cirúrgicos que, quando escolhidos adequadamente e individualizados para cada tipo de paciente e joanete, oferecem um risco de recidiva inferior a 3-4%, conforme mostram os estudos na literatura médica.

Uma vez instalado o joanete, orientamos o paciente a utilizar calçados de câmara anterior larga e profunda, para evitar o atrito com o dedo e a pressão deformante, como ocorre com os sapatos de bico fino. O uso de salto alto também deve ser evitado.

Há no mercado alguns tipos de órteses que “alinham” o joanete, porém nenhum estudo suporta seu uso, uma vez que não previne a deformidade, nem a corrige de forma sustentada (fotos abaixo).

Como evitar o joanete?

A prevenção é a forma mais fácil e eficiente de lidar com o problema. Calçados adequados, sempre que possível, devem ser priorizados.

Existem diversas técnicas de cirurgia de Joanete. A mais tradicional envolve a abertura da pele, com cortes ósseos através de microserra e fixação do osso com parafusos metálicos para realinhar o desvio ósseo. Outra técnica é a Cirurgia Minimamente Invasiva, que é feita por meio de incisões na pele de 2 a 3 mm para o corte do ósseo e dos tecidos moles. Nesta opção, normalmente não se usa parafusos, fios metálicos ou placas.

O pós-operatório é muito complicado?

Existe também uma crença de que a cirurgia de Joanete é muito dolorida e com um longo pós operatório. De fato, essa ideia vem de uma época em que os procedimentos cirúrgicos de correção do hálux valgo (Joanete) eram completamente diferentes. Hoje em dia, as novas técnicas de realinhamento do dedo, as novas técnicas de anestasia e os novos instrumentais cirúrgicos proporcionam uma reabilitação mais fácil e com retorno mais rápido às atividades diárias.

De maneira geral, após a cirurgia, o paciente pode começar a pisar com calçados especiais, conforme sua tolerância. Por volta da 3ª semana pós-cirurgia, retiramos os pontos e iniciamos os exercícios de arco de movimento em casa. A progressão da carga e o início das caminhadas acontecem entre a 4ª e a 5ª semanas de pós-operatório. A partir de então, o paciente estará finalmente apto a usar calçados comerciais.