Introdução

A Osteoartrose ou Artrose do Tornozelo é o termo técnico usado para definir a degeneração da articulação do tornozelo. Como em qualquer outra junta, a articulação é a estrutura móvel onde dois ossos se articulam, fornecendo movimento àquela região corporal. No caso do tornozelo, o movimento ocorre principalmente entre os ossos da Tíbia e do Tálus, embora a Fíbula também se articule com eles, porém com muito menos movimento.

 

 

Estes movimentos são conferidos pelos músculos que se inserem nos ossos próximos à articulação e, ao se contraírem, movimentam os segmentos do corpo. No tornozelo, isto acontece pelo tendões que circundam esta articulação. São eles: Tendão de Aquiles, Tendões Fibulares, Tendão Tibial Posterior e Tendão Tibial Anterior. Veja o texto em que explicamos cada um deles.

Voltando para a Artrose do Tornozelo…

 

 

Causas da Artrose do Tornozelo

Diferente de outras articulações do corpo, como quadril e joelho, as grandes causas de Artrose do Tornozelo são as traumáticas. No caso dos joelhos e quadris, a maioria são primárias, ou seja, acontecem sem causa aparente, normalmente relacionadas à idade, à obesidade ou à genética. Por este motivo, é mais comum (proporcionalmente) ver jovens com artrose de tornozelo, que foram vítimas de algum acidente, do que jovens com artrose de joelhos e/ou quadris.

A explicação para isso é que os ossos no tornozelo estão intimamente em contato, estabilizados por um arcabouço ósseo e ligamentar, e qualquer injúria mais forte pode ocasionar uma degeneração articular futura.

Então as causas principais são:

• Entorses de repetição que lesionam os ligamentos e levam à instabilidade e ao desgaste articular;
• Fraturas do tornozelo com lesão inicial da cartilagem que se manifesta somente nos anos seguintes;
• Fraturas na perna ou no pé, que acarretam sobrecarga no tornozelo por algum desalinhamento nesses segmentos;
• Traumas ou microtraumas de repetição como atividades repetitivas de impacto ou de amplo movimento como corrida, chutes e saltos;
• Predisposição genética, como ocorre normalmente para artroses em joelhos e quadris, porém menos frequentemente no tornozelo;
• Doenças sistêmicas como Diabetes, ou as reumatológicas/auto-imunes como Artrite Reumatóide, Lúpus ou Esclerose Múltipla (mais raras);
• Obesidade e sobrepeso, que acarretam mais carga na cartilagem da articulação;
• Idade, como acontece para qualquer degeneração no corpo.

Características da Artrose do Tornozelo

No processo de osteoartrose, não ocorre apenas o desgaste da cartilagem articular, mas sim a degeneração de outros tecidos como:

• Sinóvia, que é a cápsula articular envolvida por células que produzem o líquido sinovial que banha e preenche as articulações;
• Cartilagem onde se encontram as células chamadas condrócitos que produzem o colágeno e outras proteínas do tecido cartilaginoso;
• Osso subcondral, que é o osso abaixo da cartilagem e que também fica doente;
• Osso onde os ligamentos ao redor da articulação se inserem, região esta chamada de entese.

Portanto, na evolução da artrose não apenas ocorre a degeneração da superfície articular, que nada mais é do que o desgaste da cartilagem, mas também acontece:

• Sinovite, que é a inflamação da sinóvia, levando inicialmente à produção aumentada de líquido sinovial e que leva ao aumento do volume articular;
• Morte dos condrócitos da cartilagem, levando à diminuição do espaço articular e aproximação os ossos (perda do espaço articular);
• Formação de cavidades no osso subcondral, chamados de cístos ósseos preenchidos ou não por líquido;
• Entesite na inserção dos ligamentos e tendões, que acarreta em inflamação e dor em pontos específicos ao redor da junta;
• Formação de entesófitos, os chamados bicos de papagaio, que nada mais são do que a formação hipertrófica de osso nas enteses.

 

Tratamento da Artrose do Tornozelo

Não Cirúrgico

Como em qualquer outro processo de osteoartrose, o tratamento inicial se baseia na mudança do estilo de vida. Isto inclui principalmente:

• Mudança alimentar, com diminuição da ingestão de alimentos inflamatórios e processados, optando por alimentos naturais e anti-inflamatórios;
• Perda de peso para melhora da sobrecarga articular;
• Prática de atividades físicas para fortalecimento de músculos e ligamentos ao redor da junta, o que confere maior estabilidade e nutrição para ela;
• Uso de suplementos que melhoram a saúde óssea e até mesmo a osteoporose.

Quando a artrose é mais grave ou não melhora com as medidas iniciais, procedimentos adjuvantes e regenerativos podem ser tentados, como:

• Infiltrações com Ácido Hialurônico (viscossuplementação);
• Proloterapia;
• Terapia por Ondas de Choque
• Uso de derivados do sangue ou Células Tronco

Cirúrgico

Do ponto de vista ortopédico, se houver qualquer desalinhamento ósseo que tenha sido fator causal da artrose, ele deve ser corrigido para evitar a progressão e a piora do quadro. Osteotomias e realinhamento ósseo do membro como um todo podem ser realizados.

Em últimas instâncias, se os tratamento não cirúrgicos foram realizados e ainda o paciente apresenta muitas dores e perda da qualidade de vida, as opções para o tornozelo são a prótese ou a artrodese do mesmo.

A prótese do tornozelo é a substituição da articulação por um implante articular.

 

Já a artrodese é fusão óssea dos ossos do tornozelo através da fixação dos mesmos com parafusos e/ou placas metálicas. Por mais que pareça uma opção não fisiológica, a artrodese do tornozelo quando bem indica proporciona resultados muito similares ao da prótese.

 

Em ambas as opções, se bem realizadas, é plenamente possível o paciente caminhar com normalidade e sem dores. Em relação às atividades físicas, também são possíveis, desde que com acompanhamento especializado.